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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Literatura Brasileira

Não é só de auto ajuda ou Best Sellers que eu vivo, viram?!
Hoje estou aqui para apresentar um romance do escritor alagoano que foi um dos mais importantes escritores na segunda fase do Modernismo brasileiro:
São Bernardo, de Graciliano Ramos.

É um romance que, apesar de falar bastante da região nordestina (a história se passa no interior de Alagoas, mas também é citado Maceió), fala de assuntos que são ainda pertinentes na nossa sociedade hoje.
De questões mais subjetivas, podemos retratar a ambição – boa e ruim: boa no sentido de que trabalhar faz bem, que através do trabalho é que adquirimos as coisas primárias e secundárias para a nossa sobrevivência; ruins quando a ambição torna-se o único foco da pessoa e esta não consegue enxergar mais nada e nem usufruir daquilo que tem, acabando por perder-se e perder aquele que amou; – o sofrimento pela solidão, a baixo auto-estima...
É um ótimo livro, para quem gosta de ler, independente do estilo da literatura, para divertir-se, passar o tempo e aprender com o passado e com o presente, pois a verdadeira literatura é aquela que fica eternizada.

Vou deixar aqui um fragmento que me marcou (tive que reler uma parte do livro, pois não havia marcado e ainda não tinha pensado em compartilhar esta leitura com vocês), tudo do capítulo 36, e acho que vai mostrar a vocês que o romance brasileiro de importância literária também é bom e passa mensagens maravilhosas pra gente:

O que estou é velho. Cinqüenta anos pelo São Pedro. Cinqüenta anos perdidos, cinqüenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.
Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?
Sol, chuva, noites de insônia, cálculos, combinações, violências, perigos – e nem se quer me resta a ilusão de ter realizado obra proveitosa. O jardim, a horta, o pomar – abandonados; os marrecos de Pequim – mortos; o algodão, a mamona – secando. E as cercas dos vizinhos, inimigos ferozes, avançam.
(...)
            Hoje não canto nem rio. Se me vejo ao espelho, a dureza da boca e a dureza dos olhos em descontentam.
(...)
            _ Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente.
(...)
            Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.

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